- Como estás?
O que irei responder? Não sei. A rotina é sempre a mesma, sem alterações que a minha subconsciência já se habituou. Já não dou importância á mínima alteração porque sei que vai sempre tudo voltar ao mesmo.
Acho que até já não a acho tão entediante… é… normal.
Gostava que melhora-se, mas sei que não vai mudar. Pelo menos não pode ficar mais degradante, certo? Quer dizer, se eu não fosse persistente em melhorar isto era muito pior. Os risos fingidos, os sorrisos falsos, tudo isso conta. Apesar de ninguém reparar, tenho o meu mundo privado onde todos os dias são um treino de sobrevivência, onde, se falho por um só segundo, á consequências.
Se cometer um deslize e mostrar a tristeza que me consome por dentro, vão me perguntar o que se passa e eu fico com um nó preso na garganta e não consigo falar em condições. Só consigo expelir um breve murmúrio, uma simples palavra como “nada”, com a esperança que eles me deixem em paz. Por um lado é bom, porque sinto que eles se preocupam comigo, o suficiente para notar, mas por outro lado é mau, porque nunca sei o que dizer, se disse-se a verdade tinha de dizer tudo duma só vez, uma coisa que não consigo, e a persistência deles em mim, para ficar feliz, ia ser insuportável.
Por isso, acho que tenho de mentir. È a única opção, certo? Afinal de contas, minto todos os dias ocultando o que realmente sinto. Penso que se fingir estar feliz vou alcançar a felicidade, mas não é bem assim. Cada vez me vou enterrando neste posso profundo.
- Estou bem.